AVALIAÇÕES
PRELIMINARES:
Estes
dados nos levaram, primeiramente, a caracterizar o paciente crônico como
detentor de um quadro de: baixa auto estima, auto imagem comprometida ou
danificada, depressão e melancolia (junto aos adolescentes), desvitalização do
tônus muscular, empobrecimento da linguagem, baixa criatividade e imaginação no
discurso oral, precária adjetivação na expressão escrita entre os
alfabetizados, presença de fantasias persecutórias e acusativas em alguns,
baixíssima sociabilidade, enorme dependência familiar e a falta de planos para
a vida de médio ou longo prazo, bem como a escassa participação em atividades
sociais ou comunitárias da grande maioria dos pacientes e de suas famílias.
Observamos
ainda: hostilidade à rotina hospitalar, freqüente desobediência às condutas
extra-hospitalares de tratamento e ambivalência em relação à figura do médico.
OS
OBJETIVOS DO TRABALHO:
A partir dessas percepções organizamos uma intervenção psicológica que busca permanecer o maior tempo possível junto aos pacientes, especialmente nas duas e meia primeiras horas de tratamento, quando são mais produtivos, buscando:
A partir dessas percepções organizamos uma intervenção psicológica que busca permanecer o maior tempo possível junto aos pacientes, especialmente nas duas e meia primeiras horas de tratamento, quando são mais produtivos, buscando:
- Diminuir a
resistência ao procedimento hemodialítico e aumentar a aderência ao
tratamento renal extra-hospitalar.
- Desenvolver
mecanismos de expressão e elaboração de conflitos intrapsíquicos
relacionados à doença renal crônica, a família do paciente e a rotina
hospitalar cooperando, assim, para eliminação do quadro depressivo,
diminuição da dependência familiar e aumento da sociabilidade do doente.
- Potencializar a criatividade e auto estima dos pacientes, resgatando sua percepção e expressão corporal e lingüística através da exposição e experiência artística em várias modalidades.
"O
sentimento abre as portas da prisão com que o pensamento fecha a
alma."
(Fernando Pessoa, in "Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação",
Lisboa: Ática, 1966).
METODOLOGIA DE TRABALHO:
Inicialmente a
metodologia de trabalho consistia em oferecer aos pacientes diferentes
atividades como: pintura, oficinas de leitura, jogos psicopedagógicos,
modelagem, recorte e colagem, etc. Pudemos observar que essas atividades
realizadas apenas por si mesmas, mantinham um nível motivacional de curta
duração e diferenciado segundo a habilidade de cada um.
Então, redefinimos o emprego de tais atividades condicionando-as
à finalidades de um“projeto” mais amplo.
Um projeto pode
ser conceituado como um conjunto de diferentes atividades relacionadas a
uma certa temática, que objetivam um resultado de longo prazo, alcançado em
etapas sucessivas, gradualmente mais complexas e inter-relacionadas.
Um “projeto” é
capaz de afinizar várias tarefas diferentes, produzir um nível de expectativa e
motivação sustentável por mais tempo e, mesmo assim, desenvolver e premiar
atitudes psicológicas como a paciência, a perseverança nas metas pessoais, o
planejamento de médio prazo, a disponibilidade para a revisão de posturas para
a melhoria de um trabalho, a expressão e a comunicação do mundo interno e
subjetivo e desenvolver, ainda, a adaptabilidade progressiva à vida cultural e
social.
As atividades
singulares podem ser propostas dentro de um projeto, mas ganham um
significado maior, contextual, a partir da sua interação numa seqüência que
busca alcançar um objetivo maior ou meta final de longo prazo (um evento,
produção, exposição ou experiência).
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