
Para os que trabalham na enfermaria a designação
informal e mais conhecida deste projeto é “PORTAS”, talvez porque
seja a que melhor traduza seu significado:abertura para o novo, possibilidades,
esperança, uma chance de construir um espaço hospitalar vivenciado de
forma menos agressiva pelo paciente submetido à hemodiálise..

A
COORDENAÇÃO:
A
coordenação das atividades é realizada pelo professora-doutora Kathy
Amorim Marcondes, do Departamento de Psicologia da UFES. A Dra.
Kathy é Psicóloga, Psicoterapeuta Junguiana, Pós-graduada em Mitologia e Arte,
Mestre em Educação, Doutora em Saúde, Educação e Arte. Coordena o “Portas”
desde 1995 e é autora e apresentadora de vários trabalhos na área de Psicologia
Hospitalar. A enfermaria do IDR - Instituto de Doenças Renais - conta
ainda com uma Psicóloga Hospitalar, também Especialista em Teoria e Prática Junguiana,
que supervisiona os trabalhos e orienta grupos de estudos junguianos,
Rafaela Feijó dos Santos.
Os extensionistas que
trabalham na enfermaria hospitalar junto aos pacientes renais crônicos (IRC)
são alunos da graduação em psicologia. Através desta atividade, esses alunos,
que voluntariamente se propõem a trabalhar no hospital, complementam sua
formação profissional com a prática que gera benefícios para a comunidade
capixaba e, simultaneamente, para a própria comunidade acadêmica através da
produção e acúmulo de conhecimento que gera melhor qualificação profissional do
psicólogo assim formado.
A IRC é uma doença que acomete cerca
de 200 pessoas para cada milhão de habitantes, incluindo crianças, e requer um
tratamento de alto custo e de caráter definitivo. É considerada uma enfermidade
profundamente perturbadora do desenvolvimento humano normal, pois impõe duros
limites a seus portadores cujas mínimas possibilidades de recuperação da saúde
plena dependem de um translante renal que, além de difícil e de
funcionalidade indefinida, continuará requerendo acompanhamento médico
especializado. O controle da doença instalada requer um tratamento hospitalar
que se faz, primordialmente, pela substituição da função renal perdida por um
processo maquinal chamado hemodiálise.
Este tratamento é demorado e desconfortável. O paciente necessita fazer total
restrição hídrica na alimentação extra-hospitalar, manter dieta rigorosa e
medicação regular para que sua permanência ligado a uma máquina seja de apenas
4 a 5 horas diárias na enfermaria hospitalar, três vezes por semana,
ininterruptamente. A soma das muitas horas de permanência hospitalar e as de
deslocamento para o hospital revelam a impossibilidade da freqüência escolar
e/ou vínculos empregatícios regulares para a maioria destes pacientes. Para
aqueles oriundos do Sistema Único de Saúde (SUS) na faixa etária infanto-juvenil
e agrupados no mesmo turno hospitalar, estas condições são ainda mais difíceis
e, com freqüência, psicopatogênicas. Para os adultos a condição mais
desestabilizadora é a longa espera por um transplante e, às vezes, a vivência
da impossibilidade deste conflagrando a doença crônica como inescapável.
Nossos pacientes
têm idade variando entre 4 e 95 anos, são todos pacientes do SUS e, em média
fazem hemodiálise há mais de 2 anos. O nível sócio-cultural é bastante
homogêneo e o acesso a educação superior praticamente nulo.
A longa imobilidade diária e a rotina hospitalar obrigatória criam um
enfrentamento diário para estes pacientes extremamente complicado e atípico. O
quadro psicológico resultante dessa situação costuma ser complexo e originou a
demanda hospitalar de um trabalho psicológico concretamente eficiente e não só
teoricamente bem formulado ou estéticamente agradável.
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