A metodologia de trabalho com projetos revelou-se eficiente, pois foi
capaz de harmonizar várias tarefas diferentes, assimilar modificações sugeridas
pelos acontecimentos próprios da enfermaria e por indicação dos pacientes,
produzir um nível de expectativa e motivação sustentável por mais tempo e
treinar a melhoria dos pacientes em habilidades que desconheciam ter. A rotina
hospitalar ficou esmaecida pelo engajamento semanal nas novas atividades que
buscavam a otimização do trabalho final. Contudo, a principal contribuição do
método foi a de desenvolver e premiar atitudes psicológicas bastante saudáveis
para pacientes com IRC tais como:
paciência e perseverança na execução e planejamento de metas pessoais e a
disponibilidade para a revisão de posturas, preconceitos ou alheamentos, pois
aquilo que julgavam antes desinteressante, de repente, surpreendia-lhes com
possibilidades inexploradas e desafiadoras. Na totalidade das ações
empreendidas desapareceram as pequenas diferenças individuais de aptidão para
certas tarefas e de preferência para outras.
O evento final foi coletivo, socializante e, ao mesmo tempo, comportava
as diferenças de estilo e de performances individuais. Uma vantagem não
prevista da metodologia foi à possibilidade de integração das outras categorias
profissionais (médicos, enfermeiros, nutricionistas etc...) e dos acompanhantes
dos enfermos nas atividades dos Projetos.
RESULTADOS ATITUDINAIS OBSERVADOS:
- menor resistência aos procedimentos hospitalares e extra-hospitalares,
- aparecimento de perspectivas futuras na linguagem e nos sonhos,
- melhora dos quadros depressivos e nos relacionamentos familiares,
- impressionante desenvolvimento do senso estético e crítico em relação às artes plásticas e aumento da riqueza na expressão lingüística e corporal,
- aumento na auto estima e na sociabilidade com participações nas comunidades de origem.
Estes resultados são observados pelo corpo clínico hospitalar,
enfermeiros e familiares dos pacientes, bem como pelas supervisões semanais em
psicologia.
É possível perceber claramente a expressão dos sentimentos mais
inconscientes destes pacientes nas produções artísticas que realizam. A clareza
das imagens naturalmente produzidas impressiona. Aparecem comumente motivos e
enredos relacionados à água, rios, marinhas, florestas aquáticas ou seres do
mar. Nos desenhos e pinturas figurativas ou abstratas são facilmente
identificáveis as associações ao formato do rim: árvores, caminhos, pedras. A
ambivalência em relação ao tratamento, cuja expressão pictórica é ligada a
caixas, máquinas e tecnologias, aparece também comumente na alternância entre a
idolatria e o deboche destes motivos, sempre presentes. Outra ambivalência
freqüentemente manifesta é em relação à figura do médico (pai e juiz) que ora
tudo deve saber ora de quem tudo deve ser escondido, inclusive a produção
artística. Os sentimentos e fantasias ligadas ao corpo doente aparecem
revelados nas formas corporais quase sempre fragmentadas ou desproporcionais.
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